Entenda como esse termo, que se destacou na internet recentemente, influencia o modo de trabalho em uma empresa e aprenda lições para superar o fenômeno.
O que é Quiet Quitting?
O termo Quiet Quitting é derivado do inglês e pode ser traduzido como “desistência silenciosa” ou “demissão silenciosa”. Apesar da nomenclatura, o movimento não está relacionado a deixar formalmente o emprego.
Trata-se de uma mudança de comportamento em contraposição à cultura de agitação (“hustle culture”), em que há uma incidência considerável de exaustão pela priorização do trabalho em detrimento da qualidade de vida e da saúde mental.
Portanto, o fenômeno surgiu como uma forma de criticar os aspectos negativos das relações de trabalho. Isso se concretiza com um engajamento mínimo por parte do funcionário adepto ao movimento, restrito ao cumprimento integral das funções atribuídas no serviço e das horas de serviço.
Além disso, outros aspectos negativos que estão relacionados com essa “desistência silenciosa” são:
- Falta de conexão entre a função, significado e contribuição;
- Ausência de segurança psicológica;
- Esgotamento geral, também conhecido como “burnout”;
- Diminuição das oportunidades de crescimento interno;
- Mentalidades ultrapassadas;
- Implementação do trabalho virtual em decorrência da pandemia;
- Valorização de políticas de bem-estar.
Como o Quiet Quitting impacta as empresas??
Com a pandemia de Covid-19, houve uma grande alteração nas relações de trabalhos com a adoção do home office e mudança na dinâmica dos trabalhos.
Como consequência dessa prática, muitos funcionários tiveram um aumento do volume de trabalho ou verificaram a queda na confiança de seus superiores quanto ao cumprimento das obrigações.
Nesse novo cenário, dois fenômenos diferentes surgiram com queixas em comum pela cultura tóxica em empresas: o “The Great Resignation” ou a “Grande Renúncia” e depois o “Quiet Quitting”.
Destaca-se que “Quiet Quitting” não se confunde com o “The Great Resignation”. Afinal, nesse último, milhares de trabalhadores pediram demissões por não desejarem mais trabalharem em suas antigas empresas.
Para os profissionais adeptos a um desses movimentos, as exigências e expectativas sobre o mercado estão diferentes. O foco é um equilíbrio maior entre a vida profissional e pessoal, então há uma busca maior por questões além do salário.
Essa mudança coletiva de comportamento afeta toda a empresa, então falar sobre “desistência silenciosa” impacta nas questões organizacionais, lideranças e colaboradores individuais.
Para solucionar essa questão de uma maneira mais satisfatória para todas as partes, as empresas devem agir em algumas áreas conjuntamente.
Desafios para o setor de Recursos Humanos
De acordo com as solicitações dos profissionais diante o cenário atual, nota-se que a chave está nos relacionamentos dentro da empresa.
Nesse contexto, os responsáveis pelo setor de Recursos Humanos têm um papel fundamental para entenderem especificamente quais os pontos que a empresa pode e deve melhorar. A partir das informações obtidas, os responsáveis devem buscar soluções que seriam boas tanto para os colaboradores quanto para a empresa.
Com isso, faz-se necessária a criação de uma nova cultura de trabalho, dando destaque para a criação de mais confiança nas relações entre os funcionários, estratégias para evitar a sobrecarga e burnout e também para o alinhamento de expectativas.
As mudanças coletivas de comportamento resultantes do fenômeno “Quiet Quitting” devem ser vistas pelo RH como uma oportunidade de aprimorar as estratégias que estão funcionando e adequar o que pode ser aprimorado.
Essa adequação não é feita por meio de aumento dos salários, porque a principal demanda desse movimento é ter bons benefícios e incentivos por parte da empresa.
Além do papel fundamental da empresa mudar a cultura em prol do bem-estar dos funcionários, o RH também deve analisar de que modo os profissionais estão trabalhando e se as performances correspondem com o esperado para continuarem no emprego ou se deve considerar eventual demissão.
Para lidar com esse movimento é preciso entender que a dinâmica de trabalho está diferente e são necessárias medidas de ação a serem implementadas no decorrer do tempo.
Estratégias para os líderes lidarem com o movimento Quiet Quitting
Em conjunto com o RH, é recomendado que os líderes também ouçam o que os profissionais estão requisitando para entenderem quais mudanças podem ser feitas por eles no trabalho.
Os líderes podem aproveitar o momento para conhecer melhor o time com o qual trabalha e fortalecer os vínculos de comunicação e de confiança para proporcionar um ambiente de trabalho mais produtivo.
Outro ponto importante é que os gestores verifiquem quais são as habilidades e dificuldades dos funcionários e como podem chegar a um tratamento individualizado que seja mais eficiente para o todo.
Para que os superiores consigam desempenhar bem seus papéis, eles precisam ter a mentalidade e responsabilidade de líderes para inspirar os colaboradores com seus propósitos.
Também devem focar em habilidades de coaching para lidar com os funcionários e maximizar a clareza das expectativas usando os princípios do acordo Ganha-Ganha.
Lições para superar o cenário
O “Quiet Quitting” revelou a insatisfação geral quanto ao modo de trabalho vigente até então em que se verificava priorização das obrigações profissionais e o lado pessoal ficava em segundo plano.
Por isso, muitos profissionais decidiram reduzir os seus esforços para cumprirem com o mínimo necessário a fim de evitar as comuns sobrecargas e suas consequências, como o burnout.
Como esse movimento afeta não só o profissional, mas também a empresa, deve haver uma mudança de cultura para solucionar essa questão, através de:
- Entendimento por parte do RH sobre as demandas e o que pode ser modificado na cultura empresarial;
- Preparação dos líderes para terem mentalidade e responsabilidade para preparar o caminho para o significado, o propósito e a contribuição dos funcionários;
- Aumento da confiança nos relacionamentos profissionais;
- Estratégias para evitar o burnout por meio de esclarecimento de prioridades;
- Reconhecimento de tendências e de atitudes que diminuem o engajamento;
- Aumento da clareza das expectativas e de compromissos.
Com a implementação dessas recomendações, é possível ter resultados inovadores na empresa e uma cultura de resolução de problemas para esse novo cenário decorrente do “Quiet Quitting”.
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